Muitos pais acham uma graça ver o bebê com o dedo na boca. Mas o hábito não é nada saudável e, pior, difícil de ser interrompido. Veja quais as principais consequências.
Possíveis causas
Desde o útero, a criança desenvolve o hábito da sucção, que é fundamental para a amamentação e para o amadurecimento psíquico. E isso perdura por todo o primeiro ano de vida como uma necessidade fisiológica. É nesse período que algumas crianças acabam com a mania de chupar o dedo, que pode perdurar por toda a infância. A questão é que esse hábito costuma trazer implicações odontológicas, problemas na mastigação, atrasos na fala e problemas emocionais.
Crianças que passam longos períodos do dia sem a mãe ou não foram amamentadas por muito tempo correm mais risco de desenvolver esse hábito.
Espere até 1 ano e meio
Até mais ou menos 1 ano e meio de vida, é normal o bebê chupar o dedo por questões tanto fisiológicas (desenvolvimento da musculatura para sucção e alívio por causa do aparecimento dos dentes) como psicológicas. Nessa idade, o pequeno usa a boca como uma ponte entre ele e o mundo. É por meio dela que ele vai reconhecendo o que está ao redor e formando sua identidade. Depois dessa fase, o hábito já não condiz mais com o esperado, porque a criança entra em outra etapa do desenvolvimento. Na maioria dos casos, o pequeno deixa de chupar o dedo naturalmente.
Interrompa o hábito durante o sono
Muitos recém-nascidos já nascem com o hábito desde o útero materno. Procure observar seu filho durante o sono e, toda vez que ele levar a mão à boca, retire-a dali com cuidado.
Descubra os momentos do vício
Se você conseguir perceber em que momentos seu filho geralmente coloca o dedo na boca, ficará mais fácil impedi-lo de fazer isso. Se for durante alguma atividade, tire o dedo da boca enquanto diz que isso não deve ser feito e procure entretê-lo com outras coisas.
Substitua pela chupeta
O dedo está sempre próximo à criança e, por isso, a chance de colocá-lo na boca tem intensidade e frequência maiores do que o uso da chupeta. A maioria das chupetas tem formato anatômico e não exerce uma pressão excessiva nas estruturas bucais. Ou seja, elas são menos prejudiciais do que o dedo. Além disso, fazer a criança abandonar o uso da chupeta é mais fácil do que convencê-la a não levar o dedo à boca.
Ocupe as mãos
Mãos desocupadas tendem a ir para a boca. O hábito de chupar o dedo traz para o bebê uma sensação de alívio e prazer. Pode ajudá-lo, por exemplo, a lidar com a fome – e a ausência do carinho materno – enquanto isso não chega. É uma alternativa e uma tentativa de se acalmar enquanto passa por uma dificuldade. Por isso, procure substituir atividades em que as mãos da criança ficam vazias, como assistir televisão, por atividades criativas, como desenhar e montar objetos.
Fique mais tempo amamentando
Quando for dar o peito para o bebê, deixe que ele sugue por mais tempo. A necessidade de levar o dedo à boca pode significar a carência afetiva e essa proximidade durante a amamentação costuma ajudar a resolver o mau hábito.
Converse com a professora
Se o seu filho já está na escolinha, converse com a professora e peça para que ela repare e interceda, caso a criança mantenha o hábito também fora de casa.
Dê recompensas
Converse com seu filho e estipule um período para que ele fique sem chupar o dedo. Vendo televisão, por exemplo. Se ele conseguir, incentive dando recompensas e pequenos prêmios.
Use mordedores ou alimentos
Existem no mercado mordedores com tamanhos, texturas e até temperaturas diferentes. Veja qual o mais adequado para a idade do bebê. Se for uma criança um pouco mais velha, vale dar pedaços de alimentos como cenoura. Isso o distrai e evita que chupe o dedo.
Converse. Não brigue!
Brigar só vai fazer com que seu filho fique com medo e continue colocando o dedo na boca, escondido de você. Por isso, o ideal é o velho e bom diálogo. A partir de 1 ano, a criança já tem maturidade para compreender essa conversa. Tente negociar com ela para chupar o dedo somente em momentos estipulados, como a hora de dormir. Assim, você diminui o hábito e abre caminho para uma nova conversa em que o hábito deverá ser interrompido completamente.
Analise o contexto
Algumas crianças que já deixaram o hábito podem voltar a chupar o dedo diante de uma situação que a deixem inseguras, como o nascimento de um irmão e a mudança de escola. O jeito é dar mais atenção, suporte e encontrar alternativas para ele se sentir mais amparado.
Para os maiorzinhos
Quando a criança é mais velha e ainda continua a chupar o dedo, converse com o seu pediatra. Se esse especialista achar necessário, irá encaminhá-la a um psicólogo. Esses profissionais saberão analisar mais a fundo o que a motiva a manter o hábito e farão um tratamento direcionado para resolver o problema. De qualquer maneira, os pais devem manter a conversa, tentar negociar momentos para não levar o dedo à boca e dar recompensas quando ela cumprir o que foi combinado.
O que não fazer
Colocar pimenta ou outras substâncias de sabor e aroma fortes no dedo são medidas muito perigosas. O organismo infantil é mais sensível e pode reagir muito mal ao que foi ingerido. Os pais devem ter em mente que nenhuma atitude que possa agredir o pequeno deve ser levada em consideração. Além disso, ridicularizar e diminuí-lo, principalmente diante de outras pessoas, só aumenta a ansiedade, o que pode levar à piora do quadro.
Dr. Origenes J. Capellani (CRM 12564) / bebe.com.br